O suspeito acusado de atirar em duas pessoas e ferir outras cinco na Universidade Estadual da Flórida na quinta-feira (18) é filho de uma vice-xerife local, segundo as autoridades.
Ele passou um tempo treinando com a polícia e servindo em um conselho consultivo do xerife nos anos anteriores ao suposto ataque.
Quando foi detido, Phoenix Ikner, de 20 anos, portava uma pistola que costumava ser a arma de serviço da vice-xerife Jessica Ikner, segundo autoridades e registros.
Uma análise dos registros judiciais mostra que Phoenix Ikner teve uma infância tumultuada, com outra mulher — identificada nos documentos como mãe biológica — acusada de retirá-lo dos EUA em violação a um acordo de custódia quando ele tinha 10 anos.
O xerife Walter McNeil comentou a repórteres que o suspeito era “imerso na família do Gabinete do Xerife do Condado de Leon e participou de vários programas de treinamento que temos, então não é surpresa para nós que ele tivesse acesso a armas”.
Jessica Ikner serviu no departamento do xerife por mais de 18 anos, segundo McNeil, acrescentando que “seu serviço a esta comunidade foi excepcional”.
Ela não respondeu a um pedido de comentário.
Phoenix Ikner era membro do Conselho Consultivo da Juventude do xerife, criado para “fornecer uma linha de comunicação aberta entre os jovens do Condado de Leon e as autoridades policiais locais”, segundo com um comunicado à imprensa de 2021.
McNeil o descreveu como um “membro de longa data” do conselho.
No Instagram, uma conta com o nome e a foto de Ikner, que foi retirada do ar após identificação pública, incluía uma citação bíblica em seu perfil: “Você é o meu martelo, a minha arma de guerra. Com você eu despedaço nações, com você eu destruo reinos.”
O suspeito é um republicano registrado, segundo os registros de eleitores da Flórida.
Ele foi citado em janeiro em um artigo de jornal estudantil da Universidade do Estado da Flórida (FSU) sobre os protestos anti-Trump antes da posse do presidente.
“Essas pessoas costumam ser bem divertidas, mas geralmente não por bons motivos”, afirmou Ikner, que foi descrito como formado em ciência política.
“Acho que é um pouco tarde demais, ele (Trump) já vai tomar posse em 20 de janeiro e não há muito o que fazer a menos que se revolte abertamente, e acho que ninguém quer isso.” acrescentou.
Convidado a deixar clube político por comportamento perturbador
Reid Seybold, um estudante da FSU, relatou à CNN que conhecia Phoenix Ikner, o conheceu em um clube político extracurricular alguns anos atrás.
Seybold comentou que Ikner foi convidado a deixar o grupo, que discutia eventos atuais, devido a um comportamento que perturbava os outros.
“Ele sempre deixou muitas pessoas desconfortáveis, a ponto de algumas pessoas pararem de comparecer. Foi aí que chegamos ao ponto de ruptura com Phoenix, e pedimos que ele saísse”, relatou Seybold a Omar Jimenez, da CNN, na quinta-feira (17).
Ele disse que os comentários de Ikner foram “além do conservadorismo”.
“Já faz alguns anos. Não posso dar citações exatas”, afirmou ele. “Ele falou sobre os estragos do multiculturalismo e do comunismo e como eles estão arruinando os Estados Unidos.”
A CNN não verificou de forma independente as alegações sobre as crenças do suspeito. As autoridades ainda não divulgaram nenhum possível motivo por trás do ataque a tiros.
Os registros do tribunal do Condado de Leon mostram que a mãe biológica de Ikner foi acusada de levá-lo para a Noruega quando ele tinha 10 anos, violando um acordo de custódia.
Os documentos do tribunal se referem à criança como Christian Eriksen e afirmam que ele e sua mãe biológica têm dupla cidadania americana e norueguesa.
O suspeito do ataque a tiros posteriormente mudou o nome de Christian Eriksen para Phoenix Ikner, confirmou uma fonte policial à CNN.
Segundo um depoimento de um detetive do xerife, a mãe biológica da criança falou ao pai que o levaria para o sul da Flórida nas férias de primavera em março de 2015.
Em vez disso, ela “fugiu do país com ele, violando o acordo de custódia”, levando-o para a Noruega, segundo o depoimento.
A mãe biológica do suspeito alegou não contestar a remoção de um menor do estado contra uma ordem judicial.
Ela foi condenada a 200 dias de prisão, 170 dos quais já havia cumprido, seguidos por dois anos de “controle comunitário” e, em seguida, dois anos de liberdade condicional, segundo os documentos do tribunal.
Ela foi condenada a não ter contato durante a pena com o filho ou qualquer um dos professores, médicos ou conselheiros, a menos que autorizado por um tribunal.
Posteriormente, ela moveu uma ação para anular seu pedido, alegando que o havia feito sob coação, e o pedido foi negado.
Não está claro se a mãe biológica do suspeito teve contato com ele na última década, e ela não respondeu aos pedidos de comentário.
Mas logo após o tiroteio, ela postou no Facebook reclamando que o pai do filho não havia respondido quando ela escreveu “para perguntar se está tudo bem com meu filho, que estuda na FSU”.
Membros da comunidade relataram que ainda estavam lutando para conciliar os laços de Phoenix Ikner com a polícia e o suposto ataque.
Kenniyah Houston, membro do conselho de jovens do xerife, disse à CNN que ficou chocada ao saber que o suposto atirador havia servido ao seu lado.
Ela não se lembrava pessoalmente de Ikner, mas comentou que o conselho consultivo estava focado em melhorar a comunidade e aprimorar a aplicação da lei, então suas ações foram especialmente chocantes.
“É disso que se tratava — tomar decisões melhores”, falou ela. “Algo assim acontecer com alguém de um grupo como esse é assustador… é devastador.”
Este conteúdo foi originalmente publicado em Ataque a tiros na Flórida: O que se sabe sobre o suspeito no site CNN Brasil.