Os Estados Unidos revelaram planos para impor novas taxas portuárias a navios chineses, alegando que o objetivo é reavivar a construção naval americana contra o domínio da China no setor.
O presidente Donald Trump embarcou em uma guerra comercial abrangente com a China, medida que seu governo retrata como uma tentativa de trazer a indústria de volta aos Estados Unidos, mas que críticos e muitos economistas temem que possa desencadear uma recessão global e aumento de preços ao consumidor.
O aviso do Federal Register publicado pelo Representante Comercial dos EUA (USTR na sigla em inglês) na quinta-feira (17) informou que o governo americano cobrará taxas sobre todos os navios construídos e de propriedade chinesa que atracarem em portos americanos com base na tonelagem líquida ou nas mercadorias transportadas em cada viagem.
As novas taxas entrarão em vigor em cerca de 180 dias, serão implementadas gradualmente e poderão ser aumentadas nos próximos anos, segundo o comunicado do USTR.
O anúncio mais recente recua em relação às propostas apresentadas em fevereiro para cobrar de navios construídos na China até US$ 1,5 milhão por escala em um porto, o que provocou uma reação generalizada da indústria, informou a Reuters.
“Navios e transporte marítimo são vitais para a segurança econômica americana e o livre fluxo do comércio”, disse o Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer, em um comunicado.
“As ações do governo Trump começarão a reverter o domínio chinês, enfrentar as ameaças à cadeia de suprimentos dos EUA e enviar um sinal de demanda por navios construídos nos EUA.”
Pequim afirmou nesta sexta-feira (18) que o plano americano “fracassaria”.
Em uma coletiva de imprensa regular, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que impor taxas portuárias e adicionar tarifas sobre equipamentos de carga e descarga eram “medidas que prejudicam outros e os próprios EUA”.
“Isso não só aumenta os custos globais de transporte marítimo e perturba a estabilidade da indústria global, como também aumenta as pressões inflacionárias nos EUA, prejudicando os interesses dos consumidores e empresas americanas”, afirmou Lin, acrescentando que “eventualmente não conseguirá revitalizar a indústria naval americana”.

A partir de 14 de outubro, navios de propriedade e operados por chineses pagarão US$ 50 por tonelada líquida, uma taxa que aumentará em US$ 30 por ano nos próximos três anos.
Navios construídos na China e de propriedade de empresas não chinesas pagarão US$ 18 por tonelada líquida, com aumentos anuais de US$ 5 no mesmo período.
Os novos impostos sobre navios cargueiros chineses agravam as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
Trump já aumentou as tarifas para um total de 145% sobre produtos fabricados na China, enquanto Pequim retaliou com impostos de 125% sobre produtos americanos.
Em declarações a repórteres sobre tarifas na Casa Branca na quinta-feira anterior, Trump sinalizou uma possível interrupção dos aumentos tarifários retaliatórios, que a China descreveu como um jogo de números “sem sentido”.
“Não quero que eles aumentem porque chega um ponto em que as pessoas não compram mais”, exclamou ele.
Pequim afirmou na sexta-feira passada (11) que não pretende suspender tarifas sobre produtos americanos acima do valor anunciado.
O presidente americano também disse a repórteres na quinta-feira que deseja negociar acordos comerciais com todos os países, incluindo a China.
Ele observou que seu governo está conversando com autoridades chinesas em um esforço para chegar a uma resolução.
No dia anterior, uma pessoa familiarizada com o pensamento do governo chinês disse que a China está aberta a negociações comerciais com os EUA, mas que quaisquer negociações devem ser baseadas no “respeito” e em maior “consistência e reciprocidade” por parte do governo Trump.
Este conteúdo foi originalmente publicado em EUA anunciam planos para taxar navios chineses em portos americanos no site CNN Brasil.